Top ten 2021

André Venâncio
3 min readDec 31, 2021

O ano que se encerra foi atípico em termos de leituras. Passei quase todo ele trabalhando em casa, o que me privou de muitas oportunidades de leitura que eu tinha antes da pandemia (eu lia principalmente no trajeto do trabalho e no horário de almoço). Além disso, a quantidade de livros foi reduzida também pelo fato de que foi um ano de muitos livros grandes. Mas não tenho do que reclamar. Deus me mandou excelentes livros que me ensinaram muito, muito mesmo. Sem mais delongas, vamos ao meu top 10 de 2021.

1. A teologia do senhorio, de John M. Frame (São Paulo: Cultura Cristã, 2013). Série em quatro volumes (A doutrina do conhecimento de Deus, A doutrina de Deus, A doutrina da vida cristã e A doutrina da Palavra de Deus), dos quais, na verdade, apenas o último eu li neste ano, mas a série toda merece menção aqui. Para mim Frame é o mais interessante teólogo vivo, e essa série parece condensar em poucos milhares de páginas toda uma vida de reflexões.

2. Até que tenhamos rostos: a releitura de um mito, de C. S. Lewis (Viçosa: Ultimato, 2017). Neste ano li vários livros de Lewis, sem dúvida o autor mais importante da minha juventude e até hoje o que mais recebeu minha atenção. Entre as pendências resolvidas ficou esta versão do mito de Eros e Psique, a melhor ficção dos últimos tempos, bela e impactante como poucas coisas que já li.

3. História da literatura ocidental, de Otto Maria Carpeaux (São Paulo: Leya, 2011). Com quantidade de volumes variável conforme a edição (quatro na que tenho), mas é um livro indivisível e imenso que comecei a ler em 2017. Na verdade, é uma história de toda a cultura ocidental pela perspectiva de sua literatura. Obra de valor incalculável, tão bela quanto muitas das obras que descreve e que me ensinou muito mais do que fui capaz de aprender.

4. Hegel, de Denis L. Rosenfield (Rio de Janeiro: Zahar, 2002). Livro bem escrito e esclarecedor sobre um filósofo muito importante. Embora seja curto e de caráter introdutório, não é superficial. Demonstra maturidade e profundo entendimento.

5. A Bíblia e a prática homossexual: textos e hermenêutica, de Robert A. J. Gagnon (São Paulo: Vida Nova, 2021). O mais profundo, abrangente e competente tratamento da questão que conheço. Até seus pressupostos teológicos discutíveis contribuem de algum modo para seu valor.

6. The world of Islam: faith, people, culture [O mundo do islã: fé, povo, cultura], de Bernard Lewis (org.) e outros doze colaboradores (Londres: Thames & Hudson, 1992). O maior historiador do islã no século XX reuniu aqui uma equipe de eruditos para descrever o vasto mundo cultural islâmico em textos belíssimos reunidos em uma edição ricamente ilustrada. O livro foi caro, mas valeu cada centavo.

7. 2 Pedro e Judas: introdução e comentário, de Michael Green (São Paulo: Vida Nova, 1983). Comentário já antigo, parte da famosa “série das bolinhas”, mas que eu ainda não havia lido e que me cativou pela clareza da exposição, pela pertinência das informações apresentadas e por uma infinidade de detalhes impossíveis de resumir.

8. Compramos um zoológico, de Benjamin Mee (Rio de Janeiro: Objetiva, 2011). Livro que deu origem ao filme de mesmo nome dirigido por Cameron Crowe e estrelado por Matt Damon e Scarlett Johansson. O filme é bom, mas, como geralmente acontece, o livro é muito melhor. Uma história real, um espetáculo de graça comum e uma narrativa preciosa sobre amor pelos animais.

9. A new critique of theoretical thought [Uma nova crítica do pensamento teórico], de Herman Dooyeweerd (Jordan Station: Paideia, 1983). Série em três volumes (tecnicamente quatro, mas o último é feito só de índices), intitulados The necessary presuppositions of philosophy [As pressuposições necessárias da filosofia], The general theory of the modal spheres [A teoria geral das esferas modais] e The structures of individuality of temporal reality [As estruturas de individualidade da realidade temporal]. Enfim criei coragem para encarar de cabo a rabo a obra magna daquele que considero o maior filósofo reformado de todos os tempos, ainda que não me veja como seu discípulo. Uma leitura desafiadora em muitos níveis, mas extremamente gratificante também de muitas maneiras.

10. Paixão pela fidelidade: sabedoria extraída do livro de Neemias, de J. I. Packer (Rio de Janeiro: CPAD, 2010). Não é uma série de sermões, nem é exatamente um comentário, mas sim uma exposição teologicamente competente e pastoralmente pertinente da vida de um grande líder bíblico feita por um servo de Deus com vasta experiência de vida. Aprimorou meu discernimento e falou ao meu coração muitas vezes.

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André Venâncio

“Quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança.”